sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Let's go togheter


Let's go togheter


quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Sobre Metáforas e Comparações


Um acontecimento matutino me pôs a pesquisar sobre a diferença entre o burro e o cavalo. Muito me surpreendeu essa pesquisa e colocou-me a refletir. Por que será que aquela pessoa insistente, teimosa e ignorante normalmente recebe o nome de burro? Ou por que será que algumas pessoas são chamadas de asno, mula e jumento? E numa reflexão mais complexa, por que será que nomes de animais são costumeiramente atribuídos a humanos? Vai me dizer que você nunca achou alguma pessoa um gatinho(a)? 
O que leva as pessoas a atribuir nomes de animais aos humanos? Ora, os humanos estão sempre cumprindo ações e algumas dessas ações faz com que eles recebam determinados nomes, de acordo com suas qualidades. É da natureza humana fazer comparações, não a toa o homem, e principalmente o brasileiro, ser um ser metafórico. Às vezes deixamos de pensar em o quanto somos metafóricos e, o fato de atribuirmos nome de animais a algumas atitudes humanas só prova o quanto somos. Para os que não sabem, a metáfora é um tipo de comparação mais direta. Assim, se ao dizermos que fulano é forte como um touro fazemos uma comparação, na metáfora apenas afirmamos: fulano é um touro! E aqui chegamos ao indício de uma explicação para a dúvida inicial, mas isso continuarei a explicar no outro parágrafo, pois este já está muito longo e pode tirar o interesse do camarada leitor.

Já parou pra pensar sobre o que é uma comparação? Eu também não. Mas alguma coisa me sugere que tem a algo a ver com verificar semelhanças e/ou diferenças de uma coisa e outra, sempre em pares, por isso o nome “com/par” e a terminologia “ar”. Sendo assim, fazemos uma relação entre um algo e outro e procuramos nesses “algos” suas diferenças e semelhanças. A primeira pessoa que disse a frase “fulano é forte como um touro” com certeza relacionou a qualidade vigorosa do touro com a força de algum fulano. E assim, fez-se a relação. Porém, quando o assunto é metáfora parece que a coisa fica mais complexa, pois a metáfora também pode sugerir doses de ironia. Perceba que se eu disser “fulano é um touro”, não estou mostrando qual a qualidade da qual estou fazendo a comparação, apenas atribuindo o nome do animal como qualidade a alguém. Desta forma, a metáfora dá margem para eu comparar qualquer qualidade do touro ao fulano, até mesmo a qualidade de ter chifres. Mas isso, não ficará explícito no dizer, e sim no modo de dizer, ou seja, no contexto do enunciado.

Como já dito, o homem é um comparador por natureza, assim como também é um simplificador. E a metáfora nasce do desejo humano de simplificar as coisas. Simplificar tanto a ponto de às vezes poder causar confusões, propositais ou não. Por isso, se você quiser evitar ambiguidades prefira sempre utilizar a comparação ao invés da metáfora. Falando nisso, já parou pra pensar sobre o que é ambiguidade?

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

DISCURSO DE FORMATURA



Este discurso foi proferido no ano de 2014 aos alunos da 8ª série B da escola Professor Fernando Aluíso Corrêa, que escolheram-me como seu Professor Paraninfo.


DEIXEM QUE A LUZ BRILHE!

A todas as autoridades, professores, pais, senhores e senhoras aqui presentes, boa noite!

Peço licença para, neste momento, dirigir-me aos formandos, os quais tive imenso prazer de conduzir durante todo o ano em sala de aula.

Ao ser escolhido como Paraninfo desta turma, fiquei radiantemente agradecido, pois voltei ao tempo e lembrei-me do tempo em que também era aluno. Lembrei-me que na verdade, todos nós ainda somos alunos nessa grande escola chamada “vida”.

Mas lembrar que todos somos alunos me fez parar para refletir em algo que sempre causou controvérsias: O real significado da palavra “aluno”. 

Circula equivocadamente um conceito não fundamentado que atribui à palavra em questão o significado de alguém ‘sem luz’.

No entanto, ao buscarmos uma explicação etimológica, fundamentada no latim (onde está a origem dessa palavra) teremos a junção do prefixo ‘a’ que significa ‘movimento para’, ‘aproximação’, ‘na direção de’ + lumen, luminis (luz) = aquele que vai na direção da luz. Sendo que luz (metaforicamente) significa conhecimento. Assim, temos o conceito, agora correto, de que o aluno é aquele que vai à ou em direção ao conhecimento.

Peço licença agora para citar um exemplo bíblico daquele que, na minha opinião, foi o maior professor de todos os tempos: Jesus.

Este homem fantástico, quando esteve na terra fora chamado de “Mestre”, ou seja, um professor reconhecido. E quando esteve entre nós ele teve apenas 3 anos para transformar pedra bruta em diamante.

Cristo certa vez disse aos seus alunos (os discípulos): “Vocês são a luz do mundo e o sal da Terra.”

Nessa ocasião, o Messias estava entregando o diploma de formatura aos seus alunos, pois ao dizer “vocês são a luz”, seus discípulos já não estavam mais na condição de alunos (em busca da luz); mas de professores que agora tinham a missão de alumiar a todos que estavam em trevas. 

Gostaria apenas de repetir a vocês as palavras desse distinto homem: “Vocês são a Luz!” E que essa luz possa brilhar cada vez mais forte, pois o que determina a diferença da luz de uma vela (que se dissipa) e a luz de um raio laser (que se concentra) é o foco. A luz da vela é fraca e com apenas um sopro se apaga. Mas a luz de um raio laser é tão poderosa a ponto de cortar o aço!

Vocês agora são a Luz, mas que possam aproveitar a oportunidade de focalizar essa luz no Ensino Médio. Que vocês não considerem que terminaram o Ensino Fundamental. Mas iniciaram o Ensino Médio. E assim, por diante. Porque uma carreira de sucesso é feita de sucessivos recomeços. Vocês não estão terminando, vocês estão recomeçando.

Agradeço a Deus pelo privilégio de ter sido seu professor. E espero que a lição que aprendi com vocês, seja levada para as próximas etapas de suas vidas. Não desistam diante do primeiro obstáculo, ainda que uma situação não se inicie da maneira desejada, vocês são responsáveis por fazê-la mudar. Nem sempre vocês conseguirão, mas se vocês não tentarem, nunca sentirão o gosto da vitória!

Muito Obrigado!

terça-feira, 5 de agosto de 2014

A CIGANA

Aqui na cidade de Santa Isabel, lugar famoso é a praça da bandeira; principal ponto de encontro da cidade. Antigamente, aos fins de semana, tinha fanfarra que se apresentava no coreto e pais de família levavam seus filhotinhos para apreciar a boa música e para ver o chafariz que fazia uma performance com movimentos de água e luz.

A praça era tão querida e tão privilegiada que, político que estivesse no poder e quisesse ser reeleito, tinha que, no final do mandato, fazer uma “reforma” na praça. Desta forma, muitos votos seriam conquistados com certeza.

Mas, de uns tempos pra cá, a praça que era tão bem quista, tem dado lugar a algumas figuras um pouco excêntricas. Mendigos de outras cidades têm achado ali um bom lugar para fazer habitação. O mau cheiro e a falta de segurança espanta outros transeuntes. Há também figuras curiosas, como os anciãos da cidade, que se reúnem nos bancos para fazerem rolo e contar sempre as mesmas histórias de bolor. Outro tipo de personagem curioso que tem aparecido ali são as ciganas, que não perdem a oportunidade de “ver o destino na palma de sua mão.”

Um dia desses, passando rapidamente pela praça, uma cigana me abordou. Baixinha, com uma camisa amarela ouro e uma saia vermelha desbotada, cheia de colares e anéis e alguns dentes faltando na boca, me perguntou se eu acreditava em destino. Respondi que dependia da situação, mas que na maioria das vezes, não acreditava. O que aconteceu depois me deixou com a pulga atrás da orelha...

A cigana pediu permissão para ler minha mão, que não cobraria nada por aquele “favor”, era só para me fazer acreditar que o destino realmente existia. Relutante, eu disse que estava com pressa, que não tinha tempo para aquele tipo de bobagens. A cigana então começou a balançar a saia e colocou suas mãos em um dos pedaços desbotados; havia ali um pequeno bolso, de onde ela tirou uma moeda. Seu rosto queimado do sol estava agora com um tom dourado e seu sorriso falho agora tinha um tom mais amarelado. Era uma moeda grande e de ouro!

“Onde essa mulher aparentemente muito humilde foi arrumar uma moeda de ouro tão bonita e tão grande assim?” – me questionei em pensamento. A mulher então estendeu a mão, como se pedisse a minha. Estiquei minha mão e a cigana colocou a moeda de ouro na minha palma. Pediu para que eu fechasse a mão e a colocasse para trás. Balbuciou algumas palavras em quase silêncio, deu uns três ou quatro pulinhos sem sair do lugar e pediu que eu abrisse a mão em que ela havia colocado a moeda. E... para minha surpresa... a moeda de ouro... havia DESAPARECIDO!

Naquela mesma hora, comecei a estremecer e como minha mão estava esticada, com certeza, a cigana percebeu, porém continuou com seu rosto sereno:

             – E agora? Onde está minha moeda? Você tem outra dessa para me ressarcir? – indagou ironicamente a baixinha.
           
            Engoli em seco a saliva e meneei a cabeça em tom negativo.

            – Não tenho nada parecido com isso que você tinha, respondi com tom entristecido.  – A única coisa de valor que tenho aqui no bolso são esses cinco reais que estava guardando para comer algo no almoço. Isso paga pela sua moeda desaparecida?

 – Claro que não! – respondeu sarcasticamente a cigana –, mas não precisa me pagar, já está pago! Fiz você acreditar no destino!

Sorri aliviado, mas complementei a ela que não seria uma moeda sumida que me faria acreditar nela.

 – Ainda não acabou – ela respondeu convencida. Você disse aí que está com uma quantia para se alimentar, não é? Então faça o seguinte: Vá até aquela pastelaria ali da esquina e peça um pastel de carne para comer. Essa é a última coisa que te peço e então lhe deixo em paz para acreditar ou não nas evidências do destino!

Como já estava constrangido pelo sumiço da moeda da cigana, resolvi obedecê-la só aquela vez. Despedi-me e caminhei em direção à pastelaria indicada pela mulher. Sentei num banco próximo ao balcão. Pedi que a atendente me desse uma daqueles pastéis expostos na estufa, mas ela, com um semblante familiar que me fazia lembrar um pouco o da cigana que acabara de me abordar, insistiu para que eu esperasse dois minutinhos, pois uma nova leva de pastéis quentinhos estava saindo.

Esperei os dois minutinhos enquanto ia molhando as ideias com uma soda gelada.

– Qual é o sabor que você vai querer? – perguntou sorrindo a atendente.

Uma voz emanava na minha mente e me fez responder sem pensar: carne!

Com as mãos envoltas em luvas, a atendente pegou o pastel mais douradinho daquela leva e entregou em minhas mãos. Depois, deu de costas e entrou em outro compartimento da pastelaria.

Sozinho naquela pastelaria pouco iluminada eu então dei uma dentada com todo gosto naquele pastel! Estava faminto! O destino novamente mostrou sua face naquele momento. Assim que meu rosto se aproximou do pastel para dar-lhe a segunda mordida pude constatar: Adivinhe, querido leitor, o que havia dentro daquele pastel?

Sim, o destino cumpriu seu papel! Porque quem senão ele para me mostrar que dentro daquele pastel de carne douradinho poderia haver outra coisa que não fosse... carne! Muita carne mesmo!
Rafael D. Menali

05/08/2014

VERSINHO RECITADO DE COR

Decoração
Paredes verdes
Cor da Esperança
De coração
Queria ver-te
E acabar com essa ânsia.

domingo, 27 de julho de 2014

sábado, 5 de abril de 2014

INVENTO

Invento...

No vento
Novelo
Na vela
Navega
Na veia
No velho
Navalha
Na velha
Na vala
Novato
No vácuo
Na vaga
Noventa
Na venda
Na volta
No verbo
Na verba
Noviço
No vasto
Novilho
No vinho
Novinho
Novembro
No vale...

sábado, 29 de março de 2014

CONSELHO

Não comente com a Mente
O que se sente
A Mente mente.

De nada sabe a Mente
Sobre sentimentos
A Mente pensa que sabe
Mas se engana!
Somente com o coração se ama!

A Mente manja de manjares racionais
Não há nada mais irracional que o amor.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

OSTRACISMO

A parte boa de ter sido deixado a esmo
É poder estar só consigo mesmo
O ostracismo é uma pérola.

domingo, 22 de dezembro de 2013

INCOERÊNCIAS

No peito só um coração despedaçado
Na mente resta apenas o desejo incontrolável
De nunca mais lhe ver
E no entanto conviver
Ao seu lado todos os dias
Mesmo que seja só hoje.

sábado, 21 de dezembro de 2013

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

BorboLETRA

Aos amantes de poesia concreta...


POEMA DE DESPEDIDA


Quisera fazer um poema por antecipação
Escrever-vos uns versos transpirando emoção
Dizer algumas palavras
Pra lavar as almas

Mas emoção só apareceu-me agora
Justo na hora
Que estava indo embora
E percebi que esta rota
Nunca mais feita será outrora

Quisera chorar umas lágrimas de dor
E molhar o rosto
Com algo incolor
Mas até suas pálpebras
Taciturnas secaram

Quisera de sal sentir aquele gosto
Cicatrizante natural a todo desgosto

Mas seu único consolo e manifestação
Não me veem dos olhos e sim das mãos
É a tinta que sai da caneta e mancha o papel.

Quisera fazer um poema de despedida
Apenas quisera... quisera...
Mas que quimera!

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

CHAMADO

Um dia ela disse:
- Depois de casar
   Quero um casal!

Desde então
Escrevo poemas
Pra evitar outros problemas...

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

TECNOLOGIA

Telas...
... para quê...
...Tê-las?

Dizem que é para entreter, informar
Entretanto, sem que perceba
Seu veneno a alienar

Por causa delas as pessoas esqueceram-se do valor de um simples apertar de mãos.
Os bondes agora andam mais silenciosos.
E o encontro para jogar conversa fora, rir juntos e olhar olho no olho à procura de reações, foi trocado por fingidos kkks, rsrs, :), (:, e etc.

sábado, 14 de dezembro de 2013

CENA COTIDIANA, NÃO FOSSE O IMPREVISTO

Olhos na tela.
Um coração moribundo ocupa o assento no ônibus.

Dedos tocam telas.
Na parada, uma subida.
Aquele menino franzino
De porte de sua tela
Ouvia música sem fones de ouvido
Um solo de violino!

E a viagem segue seu itinerário.

Na rodovia, engarrafamento
Olhos de todos atentos pra fora
Pedaços de metal
Fumaça e fogo
Uma trilha de sangue pelo asfalto
Sacos pretos
Vidas despedaçadas

Acaba o trânsito
E os olhos retornam atentos às telas.

domingo, 8 de dezembro de 2013

NO PONTO DE ÔNIBUS...

Essa é uma pequena coletânea de histórias que ouvi de uma senhora que me encontrou numa sexta-feira no ponto, enquanto eu esperava o ônibus para regressar ao lar.
            A senhora em questão, além de ser muito boa de papo, aparentava ter uns oitenta anos. Seus cabelos eram todos grisalhos, usava um vestido bege com flores vermelhas; na face, além das expressões da idade, também figuravam uns óculos de armação preta. Vira e mexe ela interrompia um pedaço da história para soltar um pequeno arroto, fruto dos refluxos que aparentemente os remédios lhe causavam.
            Sem mais delongas, vamos às histórias que sendo mentiras ou verdades, me fizeram ganhar o dia por ter o privilégio de poder ouvi-las.
Rafael Menali, 06/12/2013


CAPÍTULO 1 – DERRUBANDO BOI COM A UNHA
Hoje estou velha, cheia de dores pelo corpo, cicatrizes e algumas fraturas, mas nunca fui dondoca de reclamar! As mulheres de hoje em dia reclamam de barriga cheia! Só eu sei o que sofri. Conhece a expressão “derrubar boi com a unha”? Pois é... Eu tinha a técnica! E com apenas 11 anos de idade fazia isso com o bicho. Não é necessário força, apenas jeito! Com a mão esquerda você pega numa das orelhas do bicho e torce a cabeça dele! Depois você enfia dois dedos da mão direita no focinho do danado e ele tomba!!! Êta bem!!! Eu é que sei como se fazia isso!!!


CAPÍTULO 2 – A NOVELA QUE JÁ ESCREVI
Eu vivia no mato e trabalhava desde pequena! Matava umas seis cobras por dia! Não tinha moleza! Apesar disso, sempre amei escrever! Eu subia nas árvores para poder estudar, que era pra não correr o risco de nenhum bicho me atacar em algum momento de distração! E eu escrevia muito! Era um verso por minuto! Consegue escrever um verso por minuto, bem? E escrevia de tudo! Poema, trova, carta e até novela!
            Ah! Mas que na minha época não eram todas as pessoas que sabiam escrever não! Certa feita, um inquilino meu se apaixonou e queria conquistar uma mulher do interior... Pediu que eu escrevesse uma carta... como o cabra era gente boa, eu escrevi... E não é que por conta disso ele tá casado até hoje?! Eu é que não dei sorte! Meu marido era um leão! Não me deixava fazer nada! Muito menos publicar as minhas histórias!!!

***
            Ah! Mas teve uma vez que eu escrevi uma novela tão bonita! Era uma história de amor muito bonita! Não desses romances melados, sabe? Era uma história muito boa mesmo! Ah! Mas dessa história eu tenho história pra contar!!!
            Pois você acredita que depois de escrever essa minha história a mão eu procurei um lugar para poder batê-la à máquina... Naquela época não tinha essas geringonças que imprimem rápido assim... Eu tinha feito curso de datilografia, mas não tinha como digitar eu mesma, pois com o dinheiro que tinha, ou pagava o aluguel ou comprava a máquina de escrever!
            Mas a história era tão bonita que eu levei num desses escritórios que digitavam e encadernavam... Queria pelo menos poder guardar aquela história.
            E a moça do escritório pediu para eu voltar um mês depois, vai vendo essa...
            Um mês depois eu voltei e ela me disse que não ia dar pra digitar minha novela porque tinha muito trabalho na fila já! Ah! Mas eu fiquei muito nervosa... Peguei a minha novela manuscrita e vim embora!!
            Alguns meses depois disso daí... meu filhote que acompanha minhas belas histórias estava na frente da televisão e começou a me chamar como louco:
            - Mãe, corre aqui!!!
            - O que é menino?
            - Mãe, olha lá... Não é a sua história que tá passando na tevê?
E não é que o nanico estava certo? Ah! Mas minha raiva foi tanta que eu deixei o gurizinho com o pai e sai rumo ao escritório para tirar satisfação do ocorrido!!!
            Quando cheguei lá, o escritório tinha fechado e nem havia mais vestígio dos antigos inquilinos!!! Veja se pode, bem... Tanto trabalho, tantas tardes escrevendo aquela história tão bonita que virou novela de televisão! E não me pagaram nem um refrigerante! Ah! Imagina minha raiva!!! Fiquei tão nervosa que quando cheguei em casa rasguei aquela porcaria daquela história e botei fogo nos pedaços!
            Mas olha como as coisas funcionam...
            A novela que passava na televisão era minha história todinha!!! Roubaram a minha história e não me pagaram nem um refrigerante!!! Era um romance muito bonito, estava fazendo muito sucesso!
            Mas o que ninguém esperava era que em 76 o estúdio onde estavam filmando a novela iria pegar fogo!!!
            Isso mesmo... pegou fogo em tudo! E a história que era tão boa se perdeu! Mais do que depressa saíram procurando o verdadeiro autor daquela trama... Mas como eu iria provar, bem, que eu tinha escrito aquela história se eu já tinha queimado os originais? Ah! Que raiva!

***
            E o destino gosta mesmo é de brincar com a gente. Não é que um dia desses estava no hospital para passar por uma consulta e eis que havia uma mulher que ficava me olhando sem parar?
            Eu passava de um lado para pedir uma informação e a mulher me olhava, passava de outro e a mulher continuava me olhando. Teve uma hora que sentei do lado dela e ela me disse:
            - Eu acho que conheço a senhora de algum lugar...
            - Eu não me lembro de você não!
            - Mas eu lembro... Você... É aquela mulher que um dia foi no escritório e levou uma novela belíssima para datilografar!!! Gente! Essa mulher escreveu uma história muito linda – saiu gritando na ala daquele hospital.
            E todo mundo que naquela época acompanhava a novela na tevê, me pediu para contar como a trama terminava... Ah! Se não fosse essa tonelada de remédios que eu tomo, teria me lembrado de tudo! Mas não consegui passar dos cinco primeiros episódios!!!


CAPÍTULO 3 – TEREZUDA
            Êta bem! Mas como eu estava te contando, meu marido era um leão!!! Um leão de bravo! Não me deixava fazer nada! Naquela época casamento era tudo arrumado, a gente não tinha muita escolha! Mas eu consegui me livrar de um marido japonês e acabei casando com o leão!
            Mas o leão tinha uma fraqueza! Gostava de mulher bunduda! Não podia ver uma saia mais cheinha que corria atrás! E eu tinha que aguentar, né, bem? Agora imagina você... Eu com esse sangue de italiano e espanhola...
            Teve uma tal de Terezuda que além de sair com o leão depois ainda passava e ficava me provocando! Só pelo nome você consegue imaginar o tipo de mulher que era, né, bem? Terezuda! Ah! Mas se eu não fosse uma mulher de raça, uma mulher com classe! Uma mulher que amava a arte e escrever, essa Terezuda ia só ver uma coisa! Foi por causa das provocações da Terezuda que eu tive que deixar o Mato Grosso e vir me embora aqui pra São Paulo!

CAPÍTULO 4 – O OUTRO PRETENDENTE
            Como eu já disse, o leão foi meu segundo pretendente. O primeiro era um japonês! Nós não tínhamos o costume de misturar a raça não, bem, mas o pai desse japonês queria arrumar pra ele alguém que fosse esforçada e trabalhadora e, desde que se comprometesse a aprender a cultura e a língua nipônica, não havia problema se fosse gaijin. E eu ia, aprendia os costumes, aprendia umas palavras e ia casar. Mas os meus amigos não queriam... Diziam que eu não ia ter nada!!! E que todo japonês batia na mulher! Você acha, bem, que eu, mulher que matava cobra e derrubava boi com a unha ia apanhar de japonês? Pois fiz de tudo pra dar um pé na bunda dele!!! E acabei casando com um leão, que nunca me bateu, mas também era daqueles que não subiam e nem deixavam outros subirem!!!  Hoje eu sou sozinha, mas o que adianta? Já estou velha, toda quebrada! Tomando toneladas de remédios!!! Eu que tinha tantos sonhos, tanto talento, tantos dons!!! Hoje estou na merda!!!

CAPÍTULO 5 – ESTOU NA MERDA
            As pessoas acham que sou louca, mas já conheci muita gente famosa aí. Quando me mudei para São Paulo, fiz um curso de teatro grátis! Fui levar uma de minhas novelas para um diretor de teatro ver e ele viu que eu tinha jeito pra coisa! Foi aí que conheci muitas pessoas que hoje são famosas!
            Mas as pessoas não acreditam, porque os famosos que conheci naquela época hoje estão ricos e eu estou aqui, na merda!!!

            Com toda certeza você já deve ter ouvido falar do Silvio Santos! Pois é, bem, na época que eu conheci o Sílvio Santos, ou melhor, o Peru Falante, ele não era nada! Fui eu que dei a maioria dos conselhos para ele ser o que é hoje, bem! Mas as pessoas não acreditam nessa história, porque o Sílvio ficou milionário e eu, graças ao leão, estou na merda! 

ANÚNCIO

VENDO
Mas não crendo.

VENDE-SE
Pois o pior cego é aquele que não quer ver.

sábado, 30 de novembro de 2013

FUGERE URBEM

Tarde de domingo em São Paulo.
Cheiro de água molhando a poeira do asfalto.
O sereno embaça a janela.
As nuvens lá fora se misturam com o cinza da poluição
E deixam a cidade ainda mais nostálgica.
Prédios e casarões.
Intervenção urbana por todos os lados.
Pessoas vêm e vão, meio que sem direção.
Chega a noite sem estrelas.
Aquela vinheta do fantástico...
Ah! Quanta melancolia!

CUPIDO ESTÁÁGHILLÁRIO

            
             Estagiário...

        Está ágil e hilário:



     - Acho que ajo ágil!

Acho que habito o hábito!

          Anjo que ágil age...

 ... Por hábito e agilidade...

... Sempre age errado comigo!


segunda-feira, 25 de novembro de 2013

domingo, 24 de novembro de 2013

sábado, 23 de novembro de 2013

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

PRALAVRAR A PALAVRA

A palavra
Na planta do seu coração
Plante-a
Pranteia sobre ela

Lavra a palavra
Abra uma nova aba
Abra... ande... onde?

Lava a palavra
Cultive-a, ame-a
Vista-a com novas roupagens
Ela jorra como lava
Ela leveda como leva

Sofra, ame, seja crucificado
Mas não deixe de levar a Palavra
Leve.

domingo, 17 de novembro de 2013

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

REFLEXO HODIERNO

Sou um privilegiado.
No entanto, não dou nenhum valor a isto.
E faço deste privilégio uma inutilidade.
E desperdiço todas as oportunidades que me são dadas.
E fecho todas as portas que me são abertas.

Desperdicei todos os conselhos, dos sábios e dos loucos.
Não nasci em desgraça.
Não fui criado em ignorância.
Nunca fui obrigado a fazer o que não quis.

Quando pequeno tive o privilégio de ir à escola.
Ali aprendi a ler, escrever, interpretar e raciocinar.
Todavia, não acho nenhuma utilidade para isto.
Pois nisso tudo só vejo cansaço e perda de tempo.

Cresci e a vida sempre foi a meu favor.
Tenho uma ótima saúde, como bem, não passo apertos.
Tenho amigos, trabalho, mulher e religião.
Porém não consigo aproveitar as qualidades que estes podem proporcionar.

Simplesmente fecho os olhos e desprezo tudo e a todos.
Permaneço inerte, sem posições ou opiniões.
Não me intrometo em política, nem na vida alheia.
Não me preocupo com meus problemas, nem com os de ninguém.

Não tenho opiniões formadas
Desprezo quem as tem.
Não gosto de coisas erradas
Não gosto de ninguém.

Minha realidade subsiste.
A teimosia me persegue.
Às vezes tenho inveja, soberba e vaidades.
Não tenho, todavia, nenhuma ambição.

Tenho um corpo fisicamente perfeito.
Familiares sempre ao redor.
Casa, aposento e leito.
Pão, água e manjares.
Vestes, benefícios, égide e broquel.

Quem, pois, é mais infeliz que eu?
Quem, pois, desperdiça tanto a felicidade como eu?
Existe, por acaso, alguém com mais oportunidades?

Assim sou eu, típico cidadão brasileiro contemporâneo.

sábado, 26 de outubro de 2013

CRÍTICO "EX OFFICIO"

Ao certo direis:
— Teus poemas parecem criação de criança.
Então, convicto respondei:
— Pois sempre foi esta a intenção!

CAPITAL

As pessoas carregam marcas
Na cabeça
Nos olhos
Nos ouvidos
No pulso
No peito
Nas pernas
E pés
E eu trago apenas uma marca amarga no coração.

EM LANCES

Se fosse bom
O casamento
Com felicidade rimaria
E não com lamento.

Se fosse sem interesse
O matrimônio
Com amor rimaria
E não com patrimônio.

Por mais que não queira
A mente eira desse demônio pensa
Se matrimônio se contrai
É porque é uma doença?

domingo, 29 de setembro de 2013

AVALANCHE

Neve em branco
Bancos em greve
Greve de neve
Brancos em bancos
Neve em greve
Banco de brancos
Brancos em greve
Neve de bancos!

domingo, 30 de junho de 2013

PRELÚDIO

A falta é tanta
Incomoda tanto
Que me pergunto extasiado:
Quanta Saudade ainda cabe
Nesse Coração apertado?

A resposta não chega
Mas uma Voz soturna responde mansa:
Passamos a Vida inteira correndo
Mas correr cansa
E um dia a Dor nos alcança...

sábado, 1 de junho de 2013

PARADOXO

Escuridão, silêncio, susto...
Ele havia sonhado
Que o diabo estava debaixo da cama!
Atônito, abriu os olhos
Não teve coragem de olhar
Depois lembrou
Sua cama era no chão.

Manhã, barulho de tranquilidade
Epifania acordado
A farsa que se esconde na pessoas
É pensar que o mal está fora de nós!

domingo, 26 de agosto de 2012

ESQUECIMENTO

Uma lágrima
Apenas uma gotícula
E talvez nunca mais esqueça de ti
Ou lembre uma ou outra vez
Que jamais te esqueci.

Tiraste-me a visão
Impedindo-me de lhe ver todos os dias
Tiraste-me a chance da felicidade
Não permitindo que compartilhássemos o mesmo caminho.

Deixo tudo que me pediste
Apenas não posso apagar as palavras
Pois as lembranças são minhas, não tuas.

Não há razões para que eu queria arrancar-te
Deixo-te aí, pois me conforta
Se não queres mais pensar em mim
És tu que deve parar de ler
Não eu apagar o que escrevi.

O mal do esquecimento é quando ele decide acordar.

domingo, 18 de março de 2012

DECALQUE

Vc era Kem fazia bem
Bálsamo adociKado para um Koração amargado
Kansado de bater sem motivo e sem razão

A esperança esvaneceu
Assim como o doce da Kriança
Que agora chora e se apavora
Por não ter mais pai nem mãe

E o Kachorro perdeu o dono
E o Koral tão uníssono
Desapossou-se do tom

O grito ficou sem som
O dia perdeu a Luz
A garota não é mais inocente
O garoto perdeu a decência
A boca cheia de dentes
Range agora só gengiva
Por conta da Kárie que se espalhou

E agora como uma ogiva
Quero ser lançado às estrelas
Não tires de mim a parte a que é sua
Nem apagues de ti o que a mim pertence.

quinta-feira, 1 de março de 2012

SAUDADES DAS GERAIS

Passa-quatro, Caxambú e São Lourenço
Cidades que não saem do pensamento.
Sinto falta das serras, das ruas, das montanhas
Da terra, das curvas e das manhãs
(que acordava ao seu lado).

Foram poucos os dias que estivemos juntos
Os melhores da minha vida.

Ouro preto, Congonhas, Mariana e Tiradentes
Pousada do Verde
Pouso dos Viajantes

Linda, linda, linda Gerais
Se o destino não queria que ficássemos juntos,
Por que nos fez conhecer?
Só para valer a canção
“Quem te conhece
Não esquece
Jamais”.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

REMINISCÊNCIAS

Reinações de uma noite agradável
Loja de brinquedos
Montanha russa
Falta de assunto
Muitas coisas a falar
Pouca coragem
Olhares
Vontade de tocar as mãos
Não querer o fim da noite
Vontade de voltar ao passado
Coca-cola, esfiha
Um sorriso
Olhares
Tempo esgotado
Sensação de tudo ter passado em fração de segundo
Necessidade de eternizar
Abraço tímido
Meu perfume

A sensação de estar se ferindo.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

MUDANÇA DE HÁBITO

Há uma forte discussão que objetiva saber se o homem pode mudar seus hábitos ou não. Creio que isso depende. Há coisas em nós que podemos mudar e outras que não. Há coisas que herdamos de outras pessoas e que estão tão intrínsecas em nós que as fazemos sem nos dar conta. Essas coisas cuido que não podemos mudar.

No entanto, há hábitos que, se quisermos, podemos mudar. Digo se quisermos porque na maioria das vezes nos satisfazemos com o conformismo, pois ser negligente é muito mais fácil. Portanto, o primeiro passo para a mudança é saber no que se pretende mudar e o segundo é o esforço.

Penso que estamos nesse mundo para melhorar a cada dia, buscar a evolução. Esta só pode ocorrer se formos perceptivos e esforçados. Comece mudando coisas pequenas como, por exemplo, lavar a louça.

Em casa havia um grande problema. Minha mãe vivia reclamando que nós sujamos muita louça, que enquanto não víamos o último copo sendo tirado do armário não estávamos satisfeitos, ou que não éramos capazes de passar uma “aguinha” e utilizar o mesmo copo que já havíamos utilizado. Um dia, porém, decidi seguir os conselhos de minha mãe. Mas confesso que ao ver tanta louça suja achava a lavagem de um copo não iria fazer diferença. Mesmo assim insisti por mais um tempo.

Ao passar dos dias, surpreendentemente, percebia que a louça ia diminuindo. E mais: quando dei por mim não estava lavando apenas o copo que eu usara, e sim aquele pouquinho de louça que estava na pia. Hoje em dia não só a pia como toda a casa anda muito mais organizada, porque uma pequena mudança vai atraindo outras e assim começa uma revolução. Comece a mudar o mundo mudando a si próprio, para melhor.

Não custa nada tentar.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

FILOSOFIA DO BEIJO

Esta semana um fato engraçado aconteceu. Foi no domingo à noite, após o culto enquanto estava vindo embora acompanhado de duas amigas. Na hora da despedida, uma delas (a que eu tenho menos afinidade) ofereceu-me uma das bochechas para que eu lhe desse um beijo de despedida. A outra amiga, vendo aquilo comentou que eu “não era desses” e ainda completou: “nem nas mensagens, a gente cansa de mandar beijo e ele nem responde”. E então me questionaram querendo que eu explicasse essa atitude. Sem pensar muito na resposta apenas disse: “sei lá, não vejo razão, que diferença isso faz?” E a amiga que antes havia dado a bochecha disse com simplicidade: “É apenas uma demonstração de carinho, e faz muita diferença”. Dito isso, ofereceu-me novamente a bochecha e, sem pensar duas vezes, beijei-a e também aproveitei para beijar a outra amiga com quem eu tinha mais afinidade, mas que nunca tinha sequer dado um beijo.


Depois do elucidado, fiquei o resto da noite refletindo no que ouvi. E pensei que uma pequena diferença de atitude não me custaria nada. Sendo assim, dali para frente, decidi que me despediria das pessoas queridas com um beijo. Não sei se é impressão, mas aparentemente as coisas têm ficado mais bonitas desde então.

Não custa nada tentar.

Um grande beijo!